class="com_gridbox page ">

Autonomia e Responsabilidade

Autonomia significa “capacidade de tomar decisões não forçadas e baseadas em informações disponíveis” e a infância é um importante período no desenvolvimento da autonomia, por se tratar de uma fase da vida na qual a criança conhece e explora o mundo.  

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil elaborado pelo MEC: 

A autonomia pode ser definida como a capacidade de se conduzir e tomar decisões por si próprias, levando em conta regras, valores, sua perspectiva pessoal, bem como a perspectiva do outro, é, nesta faixa etária, mais do que um objetivo a ser alcançado com as crianças, um princípio das ações educativas. 

Abaixo, temos algumas sugestões de ações familiares em prol da construção de autonomia e responsabilidade: 

  • Para desenvolver autonomia, a construção de combinados para as relações de cooperação é fundamental. O espaço familiar deve oportunizar, desde cedo, o exercício ao respeito mútuo; 
  • Na construção de regras e combinados de convivência, conte com a colaboração dos pequenos, pois, de modo geral, as crianças respeitam legitimamente as regras que elas mesmas elaboram e trabalham com empenho para atingir suas próprias metas; 
  • Incentive o auxílio ao próximo em uma atividade ou brincadeira, isso fará com que eles se sintam úteis e desenvolvam os valores “altruísmo e solidariedade”; 
  • Mostre que deixar os brinquedos jogados na sala pode fazer com que algum adulto tropece e se machuque, assim como ela mesmo. Isso se chama “corresponsabilidade inevitável”, ou seja, o que eu faço ou deixo de fazer influencia diretamente no outro; 
  • Encoraje sua iniciativa para execução de tarefas domésticas, valorizando suas tentativas. Lembrando que encorajar é diferente de elogiar, por isso, diga o quão a criança está orgulhosa do que fez e não você. Quando dizemos “eu estou orgulhoso”, isso gera uma expectativa que faz com que a criança procure sempre agradar ao outro e não a si mesma; 
  • Garanta um espaço no qual os pequenos se expressem, incentivando e auxiliando a criança a falar sobre suas emoções. Isso requer é claro um bom “repertório emocional” por conta dos pais/cuidadores, por isso procurem desenvolver juntos esse repertório; 
  • Não interfira no processo de desapontamento, mas também não o estimule, pois as crianças naturalmente vão passar por inúmeras frustrações. Por mais que isso seja doloroso, a oriente sobre seu fracasso e as consequências naquele momento. Errar faz parte de qualquer processo de aprendizagem; é importante para o desenvolvimento da autonomia e responsabilidade; 
  • Explique aos pequenos o motivo de não ter ganho ou perdido algo (punição), pois a incompreensão disso poderá gerar revolta e muitas emoções não saudáveis, dificultando no desenvolvimento de boas habilidades; 
  • Cuidado com as broncas! Quando a criança recebe uma “enxurrada” de críticas e palavras ofensivas, a neurociência mostra que todos nós temos a tendencia a nos fecharmos, fazendo normalmente o contrário do que foi solicitado. Assim cria-se resistência e encontramos mais dificuldade em desenvolvê-las; 
  • Estimule a curiosidade e a investigação, valorize as ideias das crianças. Peça para que elas colaborem com sugestões a respeito de suas curiosidades e o que desejam aprender. Mas, para isso, precisamos primeiro romper nossas crenças de achar que a criança por ser criança é incapaz de fazer escolhas conscientes; 
  • Ensine a persistir. Assim como a onça Saça (personagem da floresta viva) tentou por diversas vezes aprender a nadar, é importante que façamos esse “meio de campo” com eles. Mostre que quem persiste consegue e alcança seus objetivos, porém não deixe de validar e legitimar os sentimentos presentes nesse processo. 

Aqui, caro leitor, você já pode perceber que desenvolver autonomia e responsabilidade não é “mandá-la fazer tudo”, ou seja, decidir pela criança. O estímulo a esse caminho de decisão é o que fará com que ela desenvolva essas duas competências. 

Agora que você está mais próximo do tema, que tal praticar junto ao seu filho e registrar momentos especiais em família, construindo juntos autonomia e responsabilidade? 

Deiver L. Greboggy 

Psicólogo, Pedagogo e Supervisor Socioemocional da Escola da Inteligência. 


REFERÊNCIAS 

BRASIL, Ministério da Educação, (1997). Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Brasília, MEC/SEF.